Brasil e China constroem futuro sustentável com o Bambu: insights do Seminário em Pequim

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Brasil e China constroem futuro sustentável com o Bambu: insights do Seminário em Pequim

  •  07/11/2025

Pequim, China – Em um movimento estratégico para impulsionar a bioeconomia e a sustentabilidade no Brasil, uma delegação brasileira de alto nível participou do seminário “Bamboo as a Substitute for Plastic for Brazil” (Bambu como Substituto do Plástico para o Brasil), em Pequim. Entre os participantes, destaca-se Jeferson Ferreira da Rosa, Presidente do Instituto de Tecnologia Agrícola, Qualificação e Estudo (ITAQE), que compartilhou suas impressões sobre a experiência transformadora e as vastas oportunidades para o setor de bambu no país.

O seminário, realizado entre 10 e 29 de outubro de 2025, foi uma iniciativa conjunta do Governo da República Popular da China, por meio do Ministério do Comércio (MOFCOM), do Centro Internacional de Bambu e Rattan (ICBR) e da International Bamboo and Rattan Organization (INBAR). O evento reuniu 25 representantes brasileiros de diversas esferas – pública, privada, acadêmica e comunitária – sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em articulação com a Frente Parlamentar Mista do Bambu.

Jeferson Ferreira, cuja instituição, o ITAQE, foca em tecnologia e pesquisa agrícola, esteve na linha de frente para absorver o conhecimento e as inovações apresentadas. Sua participação no Anexo A do relatório técnico indica o envolvimento do ITAQE na delegação brasileira, com foco na indicação da Frente Parlamentar do Bambu, representando a região Sul do Brasil. Além de sua atuação técnica, Jeferson Ferreira também contribuiu com uma dimensão cultural ao compor a “Canção do Chá e do Bambu”, criada durante a missão, que simboliza a integração entre os povos e a cooperação entre Brasil e China em prol de um futuro mais sustentável

 

Uma Imersão no Potencial do Bambu

A comitiva brasileira teve acesso a uma programação diversificada, que incluiu aulas teóricas ministradas por especialistas do ICBR/INBAR, visitas técnicas a unidades produtivas, laboratórios e exposições que demonstram a centralidade do bambu no desenvolvimento chinês. “A imersão cultural realizada ao longo do curso e das visitas foi determinante para compreendermos a centralidade do bambu na vida cotidiana e no desenvolvimento territorial da China”, destaca o relatório técnico.

 

RELATÓRIO TÉCNICO INBAR – Brasil 2025 (2).pdf, Introdução

“As aulas teóricas, as visitas técnicas a unidades produtivas e laboratórios e as experiências práticas ofereceram um panorama amplo, atualizado e profundamente aplicável à realidade brasileira. A imersão cultural realizada ao longo do curso e das visitas também foi determinante para compreendermos a centralidade do bambu na vida cotidiana e no desenvolvimento territorial da China.”

As visitas aos laboratórios de pesquisa científica do ICBR/INBAR, por exemplo, foram cruciais para a delegação entender os avanços em propriedades físico-mecânicas, biotecnologia, micropropagação e desenvolvimento de materiais de bambu para usos industriais e sustentáveis. A experiência chinesa revelou um modelo onde a integração entre ciência e produção é a chave para o sucesso do setor.

 

O Brasil: Um Gigante Adormecido do Bambu

O relatório técnico enfatiza que o Brasil possui uma das maiores reservas de bambu nativo do mundo, com aproximadamente 9,6 milhões de hectares, sendo cerca de 80% em áreas nativas. No entanto, menos de 1% desse potencial é explorado de forma produtiva. A participação no seminário em Pequim teve como objetivo justamente catalisar a transformação desse cenário, aprendendo com a expertise chinesa.

A delegação identificou os principais resultados da missão, entre eles:

  • A existência de extensas florestas nativas de bambu, especialmente na Amazônia Ocidental, e o grande potencial para uso em áreas degradadas, associando reflorestamento, bioeconomia e créditos de carbono.
  • O avanço científico e tecnológico em universidades e institutos federais no Brasil, com pesquisas aplicadas em biopolímeros, biocompósitos e substituição de plásticos.
  • A potencialidade da cooperação Brasil–China na transferência de tecnologia, qualificação profissional, mecanização, padronização de produtos e criação de polos regionais de inovação.
  • O reconhecimento do bambu como vetor estratégico da agricultura familiar e da restauração ecológica, capaz de gerar renda e fortalecer os territórios rurais.

 

Para Jeferson Ferreira, a experiência reforça a necessidade de alinhar a pesquisa e a qualificação que o ITAQE promove com as diretrizes de desenvolvimento do setor de bambu. O instituto, ao atuar na pesquisa e tecnologia em agricultura, pode desempenhar um papel fundamental na adaptação das tecnologias chinesas à realidade brasileira, bem como na formação de mão de obra qualificada.

 

Desafios e Oportunidades de Cooperação

O Brasil enfrenta desafios, a exemplo da infraestrutura científica e tecnológica insuficiente, da produção incipiente de mudas e manejo florestal, da fragmentação institucional e da carência de infraestrutura industrial. No entanto, o seminário destacou inúmeras oportunidades de cooperação com a China:

  • Transferência de tecnologia: Criação de laboratórios binacionais e fortalecimento de polos regionais.
  • Intercâmbio acadêmico e formação profissional: Programas de estágios e doutorados sanduíche para capacitar profissionais em engenharia do bambu, biotecnologia e design sustentável.
  • Desenvolvimento de biocompósitos e bioembalagens: Projetos bilaterais para substituir plásticos convencionais.
  • Aplicações na arquitetura e construção civil: Impulsionar habitações modulares de baixo carbono e infraestrutura social sustentável.
  • Mecanização e normalização industrial: Adoção de máquinas chinesas para modernizar a cadeia brasileira e padronizar produtos.
  • Governança e planejamento setorial: Criação de um Plano de Ação Nacional do Bambu 2025–2035.

 

RELATÓRIO TÉCNICO INBAR – Brasil 2025 (2).pdf, 4.2 Oportunidades de Cooperação

“A experiência do Seminário INBAR–ICBR demonstrou que Brasil e China compartilham desafios e competências complementares. As principais oportunidades de cooperação identificadas são: a) Transferência de tecnologia e infraestrutura científica […] b) Intercâmbio acadêmico e formação profissional […].”

 

Um Futuro Verde para o Brasil

A partir das constatações do seminário, foi proposto um Plano de Ação Nacional (2025–2035) para o Brasil, alinhado à Política Nacional do Bambu (Lei nº 12.484/2011), estruturado em cinco eixos: Pesquisa e Desenvolvimento; Transferência de Tecnologia; Formação e Capacitação; Industrialização e Comércio Internacional; e Sustentabilidade e Carbono Verde.

A visão é clara: o bambu não é apenas um recurso natural, mas um “paradigma de civilização ecológica”, capaz de transformar o vasto patrimônio natural brasileiro em um motor de desenvolvimento sustentável, promovendo uma bioeconomia inclusiva, inovadora e de baixo carbono.

Para Jeferson Ferreira e o ITAQE, essa missão representa um chamado à ação. A experiência na China reforça a importância de investir em pesquisa aplicada, na formação de novos talentos e na criação de uma cadeia produtiva do bambu que seja robusta e sustentável. A “Canção do Chá e do Bambu”, de sua autoria, é um reflexo desse espírito de cooperação e esperança: “Somos ponte entre mundos distantes, Corações vibrando em instantes, Da Amazônia ao Yangtzé, A amizade floresce, se vê.”

O futuro do bambu no Brasil, com o apoio da cooperação internacional e o engajamento de instituições como o ITAQ, promete ser um caminho de inovação, inclusão social e resiliência ambiental.

Jeferson também destaca a importância do deputado Geovani Cherini, presidente da Frente Parlamentar do Bambu e Fibras, por sua indicação para integrar a comitiva, e agradece à Embaixada China em Brasília, na pessoa da Mister Beidan (Betsy) Wang, e ao vice-cônsul da China em São Paulo, Gao Yuan, que não mediram esforços para que estivesse na China participando do curso.

 

Ele também ressalta a alegria de participar da delegação, quando teve a oportunidade de fazer grandes amizades e parcerias. Lembra, na oportunidade, de uma citação considerada muito importante por ele, do colega Bruno Martins, do MDA: “Nesse grupo ninguém larga a mão de ninguém”. Por fim, menciona ainda os amigos Pedro e a Eloisa, que representaram o Estado do Rio Grande do Sul, e retornam com a missão de se colocar em prática o que foi aprendido.

 

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